Bahia sofre efeitos devastadores com seca mais longa dos últimos 30 anos

 

Um drama atinge milhões de brasileiros e produz efeitos devastadores na economia e na vida das famílias, principalmente das regiões mais pobres. Moradores da Bahia estão sofrendo com a seca, considerada pelas autoridades a mais longa dos últimos 30 anos. A reportagem é de José Raimundo.

Nos pastos, pouca comida. O capim já secou. O gado está morrendo de fome. O jeito é carregar a palha do milho que o sol não deixou colher. É assim que o pecuarista João de Farias, de 94 anos, tenta salvar os bezerros.

“Se o gado enfraquecer e começar a cair, está morto", diz.

Na região de Irecê, a que mais produz feijão no Nordeste, as perdas na lavoura passam de 80%. Há escassez de água até no subsolo. Poços artesianos secaram. Os que ainda funcionam já dão sinais de que também estão se esgotando.

Para muitas comunidades do sertão da Bahia, o caminhão pipa é a única fonte. Quem recebe a água que ele traz tem a obrigação de dividir.

O trabalhador rural João Souza conta que cerca de 40 famílias, ou 130 pessoas, se abastecem em sua casa.

Barragem de Mirorós. Uma reserva que acumula 170 milhões de metros cúbicos de água. O lago se espalhava por 15 quilômetros. Encolheu tanto que não passa de três quilômetros.

Desde que foi inaugurada, há 28 anos, a barragem nunca esteve desse jeito. A água já desceu 33 metros. Está muito abaixo até do limite mínimo previsto na régua de medição. Hoje, o reservatório tem apenas 8% do volume normal. Se descer mais três metros, o abastecimento da região entra em colapso.

“Nós temos que ter agora essa prioridade para o abastecimento humano, sob pena de interrupção total do fornecimento em no máximo seis meses", alerta Raimundo Neto, gerente da Empresa de Água da Bahia.

São 14 cidades atendidas pela barragem. Na maioria dos povoados da área, água, só dois dias da semana. Um canal que abastece a produção irrigada logo vai secar. O fornecimento para os 220 lotes do projeto já foi cortado.

Os produtores colhem os últimos cachos das bananeiras que foram plantadas no ano passado. Os plantios mais novos não vão produzir.

“A gente está acostumado a plantar e colher. Agora, sem água não tem como colher", diz o agricultor Cláudio Pinheiro.

Dos 417 municípios da Bahia, 186 já decretaram estado de emergência. São mais de dois milhões de baianos sofrendo com a falta de chuva.

 

*Com informações do g1.com.br