Falta de água (tem a ver com política?)

Ardaga 21/09/2012
Falta de água

Água. O recurso mais valioso que temos. Aqui na Terra. Elemento indispensável para a maior parte das formas de vida terrestre. Humanos inclusive.
Desculpem minhas frases banais. Todo mundo sabe.

Água potável, porém, está ficando cada vez mais escasso. Aqui na Terra. E logicamente, também, aqui na Chapada Diamantina. Outro saber que todo mundo que mora aqui percebe e sabe.

Na Rua do Ribeiro onde moro, ao sul do centro de Piatã, estamos passando outra semana sem abastecimento de água pela rede municipal. Até quem tem caixa d’água está sem água.

Isto, enquanto uma empresa sem licença ambiental, quer dizer uma empresa na ilegalidade plena, detona as serras perto de Bucandia para tirar o minério. Esbanjando quantidades de água que poderiam assegurar o abastecimento de milhares de seres humanos. Para que? Para o lucro de alguns poucos indivíduos.
E nós, cidadãos comuns sem poder (nem caráter torcido) de subornar, ficamos sem água. Sofremos com a deseducação de gerentes dessa empresa que andam nos seus carrões tornados boates pelas ruas tirando o sossego de todos por onde passam. Pagamos com nossos impostos pela destruição (e posterior reparação) da estrada asfaltada cometida pelos caminhões levando o minério pra exportação. E ainda ficamos sem água.
Belo sistema governamental-capitalista, não é? Ou seria “sistema mafioso” o termo mais adequado para denominar a situação?

E podemos observar que os seguidores e até candidatos das duas coligações que estão disputando o poder político para os próximos quatro anos no município fazem questão de lavar seus carros. Todos os dias. No final da Rua Presidente Vargas (Travessa Pedro Santana) já perto da Igreja. Na cara de todos daqueles, como todos nós da Rua do Ribeiro e os de tantas outras ruas, que não temos um pingo de água potável em casa.

Isto em pleno município de Piatã! Onde nascem (por enquanto ainda, porque os que colocam fogo estão terminando com isso também!) alguns dos mais importantes rios da Bahia. E não em pleno Sertão!

E ainda querem é favorecer a vinda das empresas agro-capitalistas que esbanjam três vezes mais água do que qualquer tradicional agricultura familiar por hectare. 70% da água (do mundo) está sendo usada e esbanjada pela agricultura industrial. Que destrói muito e produz pouco. Em relação à agricultura familiar e ecológica e biodiversa.
Querem dar o monopólio sobre a água a estes agro-capitalistas. Para que possam construir barragens. SUAS barragens. Pro uso DELES.

E nós ficando sem água em casa. E sem água nas nossas roças tradicionais. Graças aos irresponsáveis no poder. Cuja consciência termina onde termina seu nariz. (Ou sua conta bancária.) Graças, também, à falta de educação de todos aqueles que consideram a limpeza de seu carro mais importante do que a sede do próximo. Graças à todos aqueles que em vez de ajudar ao próximo, colocam mais três, quatro caixas d’água para deixar o vizinho morrer de sede. Graças às escolas e igrejas que seguem seu mantra de todos os dias sem fazer o MAIS importante: ajudar na construção da ética humana e do bom-senso e falando, com palavras claríssimas, contra os aqueles que esbanjam A VIDA por fins míopes e egoístas!

Nada aqui na Terra está sem limites. Fora duas coisas: a ignorância e a hipocrisia. E se a gente não reagir vamos fundar. No deserto que tornará tudo isso aqui.

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